"Não existe radicalismo entre nós"

Para encerrar o ciclo de perfis das bandas que estão na seletiva do Wacken Metal Battle Belém, entrevistei a banda Necroskinner, a fim de que os leitores do blog da Pro Rock se situem melhor das bandas que, merecidamente, foram selecionadas pela revista Roadie Crew.

Meus agradecimentos a Marcio Kalango, que enviou as perguntas da entrevista por e-mail para o vocalista e guitarrista, Joe Ferry. O objetivo era fazer uma entrevista em contato direto com todos os integrantes; o que não foi possível, infelizmente. A seguir seguem o release da banda e a entrevista com o integrante.

A Necroskinner é oriunda da cidade de Belém e iniciou suas atividades em novembro de 2005, com uma sonoridade que oscila entre thrash metal, death metal e crossover oitentista, que são a base da formação de alguns de seus membros desde esta época, com letras em português.
Em 2006, com formação Joe Ferry (guitarra/vocal), Daniel Fuchshuber (contrabaixo), Hugo Magalhães (guitarra) e Max Cordeiro (bateria), gravaram o EP “ASPHYXKINNER” que teve boa repercussão no Brasil e exterior.
Em 2009, a banda passa a apresentar-se como trio, devido a saída de Hugo Magalhães, e grava o debut “CHAOSKINNER”, alcançando novos horizontes, inclusive com lançamento deste em solo europeu no formato Split com a banda mineira Drowned, pelo selo português Metal Soldiers Records.
Em 2010 a banda grava uma faixa da coletânea Tributo ao Stress, reconhecida como a primeira banda de Heavy Metal do Brasil, que será lançado na Europa pelo selo Metal Soldiers Records. A música escolhida foi Stressencefalodrama, que recebeu uma boa dose da identidade da banda. Neste lançamento André Formigosa assume as baquetas, consolidando a formação atual.
Para 2011 a banda planeja lançar seu terceiro registro, ANO ZERO, calcado no mesmo estilo que a consagrou. Também estão previstos um lançamento em formato Split em conjunto com a banda santista Repulsão Explícita, pelo selo Violent Records e a participação nas coletâneas Metal Massacre IV, do mesmo selo e Tornhate Records Vol. III. E shows já estão sendo feitos como a abertura do show da tão esperada banda Taurus em Belém, e a participação na seletiva regional do Wacken Festival. Confira a entrevista.

Beatriz: A banda obteve ótima aceitação no exterior. Como aconteceu de o trabalho de vocês ficar conhecido fora do país?

Ferry: Já havia desde o inicio uma divulgação voltada ao mercado externo, inclusive com nosso nome citado como banda revelação em sites europeus. E com a temporada do baixista Fuchshuber na Oceania, estes contatos se expandiram até chegar ao selo português Metal Soldiers Recs., que se interessou em distribuir o CD CHAOSKINNER em todo mundo e também lançar o split "Chaoskinner / Bones Out" com a banda mineira Drowned. Também está previsto para o segundo semestre nossa participação no lançamento do Tributo ao Stress, junto a banda lendárias como Taurus, Azul Limão e Salário Mínimo.

Por que a Necroskinner decidiu ficar somente com um guitarrista, depois da saída do Hugo?

Boa pergunta! O Hugo na verdade é insubstituível, por pensar exatamente igual à banda, e ter as mesmas influências e pegada do thrash crossover dos anos 80. Outros guitarristas da mesma linha já tocam em outras bandas e seria mais difícil pros guitarristas mais novos, por geralmente seguirem outras escolas. E resolvemos após sua saída basear as composições em um trio.

O movimento Thrash Bay foi marcado nos EUA. Isso porque sofreu certa influência de um movimento britânico. Como surgiu a idéia de seguir essa linha, mas cantando em português?

Essa é fácil! Nós vivemos essa época e nossa adolescência foi acompanhando o Thrash vindo da Bay Area, Alemanha e outras cenas fortes como a paulista e a mineira. O fato de se cantar em português é um retorno ao que todos faziam antes do movimento de bandas mineiras começarem a compor em inglês visando o mercado externo. Antes disso todo o material registrado no Brasil desde o primeiro LP do Stress em 1982 é cantado em português! Só que se tornou um padrão se cantar em inglês também por ser uma lingua bem mais A aceitação do mercado externo pra nós é conseqüência e sabemos que não vamos viver de Heavy Metal, então preferimos passar nossa mensagem em nossa língua pra que mais pessoas próximas a entendam.

No que, basicamente, as letras da Necroskinner são engajadas?

Críticas sociais! Há muita coisa errada no mundo e não podemos ficar calados diante dessa lama toda. E usamos nossas letras baseadas em nossas experiências pessoais em movimentos sociais pra despertar a consciência das pessoas. Como exemplo temos: o estado incontrolável de violência em que nos encontramos ("Face a Face"), o mundo paralelo e auto destrutivo em que vivem os usuários de drogas ("Desespero"), o esquecimento e desprezo sofrido pelso argentinos veteranos da Guerra das Malvinas e que hoje vivem mendigando em praças ("Marcas da Guerra"), o mundo de provas e expiações em que vivemos ("Pilares da Consciência"), tráfico de animais e aquecimento global ("Amazon Hell Forest") e todos aqueles que nunca foram nem serão dignos de erguer a bandeira do Metal ("Poser Traidor"), etc.

Como surgiu essa diversificada influência (cada integrante acrescentou algo ou foi algo espontâneo)?

Não existe radicalismo entre nós, e todos os estilos tem algo de bom a oferecer! Misturando todas nossas influências, do hard rock ao grindcore, saiu o Necroskinner!

Qual a expectativa para o Wacken Metal Battle?

Vai ser uma grande confraternização do metal paraense. E estaremos lá aplaudindo e comemorando esta grande iniciativa de se fazer uma seletiva em Belém do maior festival de Heavy Metal do mundo!

Por Beatriz Brito (@Beatriz_brito_)

NA REDE:

Necroskinner – www.myspace.com/necroskinner

SERVIÇO:

Seletiva Wacken Metal Battle 2011 – Belém
Dia: 22 de maio
Com as bandas Necroskinner, Warpath, All Still Burns, A Red Nightmare e Hellride

Local: Studio Pub (Tv. Presidente Pernambuco, 277, entre Gentil e Acirprestes)
Ingressos: R$ 10,00 (antecipado) R$ 15 (na hora)
Informações: 8116 2607