25 de abril de 2011

Norman Bates tem novela de final incerto

A primeira parte das gravações do clipe “Equatorial Lounge”, da banda Norman Bates, superou a promessa de uma produção acima da média e excelente direção de Fernando Segtowick. O som massivo do quinteto paraense intensificou a manhã cáustica do domingo 17 de abril, e deixou duvidosa a decisão sobre o fim do grupo.

Era por volta das 2h da madrugada. Ainda faltavam algumas horas para ser possível enxergar os primeiros raios de luz, mas, com atenção já se podia observar a movimentação na praça Dorothy Stang, locação premiada para a suposta última apresentação da banda, como foi comunicado pelo twitter do grupo (@NormanBatesPA), estranhamente inerte depois dos repercutidos anúncios.

A equipe da MM Produções foi a primeira a chegar ao local para a montagem dos equipamentos. E aos poucos foram surgindo outros integrantes da produção: Edvaldo Souza (do blog Música Paraense), Karina Sampaio (que coordenou a produção), Cézar Moraes (que deu suporte na segunda camera), Renato Chalu (direção de fotografia), a fotógrafa Ana Flor, Daniela Urzeda (maquiagem e figurino)...

A idéia de eleger a praça como uma das ambientações do clipe foi de Nicolau Amador, guitarrista da banda, porque fica no bairro onde mora e onde a banda ensaiou por vários anos. A produção precisou pedir autorização do governo para gravar no local, que ainda nem foi inaugurado oficialmente.

“É uma comunidade carente, vizinha a uma fábrica de papel e outra de produtos plásticos, onde tem muitos operários. A idéia inicial era ter uma platéia de operários. É uma obra de infraestrutura recente e oferece uma paisagem de contraste entre modernidade e pobreza, que é característico de Belém”, conta ele, que ajudou Fernando a definir o roteiro do clipe.

Equatorial Lounge, a música, o disco e um roteiro inacabado, fala, com certa ironia, sobre um lugar de clima quente, elegendo o símbolo sol como a metáfora-núcleo da música, levando a idéia de energia e força vital. O ambiente escolhido casa perfeitamente com a letra da música, escrita por Nicolau e Giovani Villacorta. “O formato circular do anfiteatro, encontrado na praça, deu essa impressão de astro solar, de sol mesmo, que é do que fala também a música”, afirma o guitarrista do Norman Bates.

Nada mais apropriado para o clima da cidade das mangueiras e do sol escaldante! Mas há de se levar em conta também as repentinas águas que caem e banham a cidade nos primeiros meses do ano. Motivo que fez adiar o início da apresentação da banda para depois das 9 da manhã, diferente do que havia sido combinado com o público. “Começou a chover, e atrasou um pouco o processo. Tivemos que esperar a chuva passar para começar a gravação. Quando a gente trabalha com locação externa é assim mesmo, tem que contar com a sorte”, relata Segtowick.

E olha só, que dicotomia! Passada a chuva, o sol da manhã tapetou de clarão todo o processo de gravação do clipe, juntamente com o mormaço. Depois das 9h30 apareceram três moradores que tomavam cerveja sentados a uma mesa enquanto a banda tocava de verdade no anfiteatro. Alguns amigos, como a jornalista Márcia Lima (@lentescorderosa), o beatboy Alonso também apareceram. Os bebedores vez ou outra elogiam a iniciativa. “Por que não acontecem coisas como essas mais vezes”, pergunta um deles.

Nada mais perfeito que o sol para somar com a energia da banda, que mal começou a tocar e já atraía curiosos que passavam no local e paravam para assistir, e ouvir, as batidas pesadas do rock ao ar livre, e em plena manhã de domingo.

A sensação dos integrantes da produção, alocados estrategicamente embaixo de uma árvore, e protegidos por guarda-sol, era de estarem desfrutando de um feriadão com direito a rock ao vivo. Mas embaixo do sol, a banda penava tocando várias vezes a mesma música. “Essa é uma música muito intensa, nos ensaios a gente costuma tocá-la apenas uma ou duas vezes. Aqui estamos tocando várias vezes e... embaixo do sol”, diz Giovani, conciliando o trabalho com alguma diversão, como no refrão da música.

Algumas cervejas, água, red bulls e pizzas (cortesia da @Pizzup) contribuíram para o clima animado, e aliviaram o cansaço de alguns que não dormiram da noite de sábado para o domingo, trabalhando nos preparativos do clipe, que terminou ao meio dia.

A ligação entre a banda e o premiado cineasta paraense, Fernando Segtowick é antiga, e vem rendendo bons frutos ao diretor, os músicos e ao público que vem acompanhando os resultados da parceria. “Onde Os Olhos Não Alcançam”, de 2004, foi primeiro clipe da banda com a direção de Fernando, que se diz um admirador da sonoridade do quinteto, e elegendo a música “All for none” como trilha sonora de um dos seus filmes, “Dezembro”. O segundo clipe “Equatorial Lounge”, ainda está em fase de produção e sem previsão de lançamento.

“Ainda vamos filmar personagens reais, trabalhadores, mostrando a visão deles sobre a vida, a sua perspectiva”, explica o diretor, que trabalhou com a fotografia de Renato Chalu. Além de alguma grana que deve sair do bolso dos próprios músicos, a produção do clipe “Equatorial Lounge” contou com o patrocínio de MM Produções e uma lista grande de apoiadores, que inclui o Governo do Pará (Ação Metrópole), Polícia Militar, Jambu Filmes, Verde Móveis, Funtelpa, Sol Informática, Fábio Hanna, Felipe Dantas (banda Aeroplano), Ná Music, Pro Rock, Outro Plano, Circus Delivery, Música Paraense.ORG e Pizza Up.




Epílogo?

No dia 14 de abril, a banda anunciou pelo Twitter (@NormanBatesPA)
que a gravação ao vivo do clipe poderia ser a última apresentação do grupo, que tem mais de 15 anos de carreira. Segundo o perfil virtual da banda, o motivo para a dissolução seria a mudança do baterista Wagner Nugoli para São Paulo além das dificuldades dos integrantes em conciliar a banda com suas outras atividades profissionais.

No entanto, no dia em questão, os integrantes pareceram ceder às reações de protesto de amigos e admiradores contra o anúncio do fim da trajetória da banda, e deixaram cheiro de otimismo no ar. Equatorial Lounge é com o código que propõe “desfazer os medos, jogar fora o lixo acumulado na alma”, e ajuda a banda a representar o sentimento de “recusar o sofrimento, enfrentar o presente e gritar: Isto é vida!”

Discordando da declaração postada no twitter da banda, o contrabaixista Manuel Malvar afirmou que esta não seria a última apresentação da banda e se mostrou confiante na continuação do NB. “Nós sempre estivemos na ativa, mesmo com os recessos nunca precisamos anunciar que ela acabaria. E este não será o último show, até porque estamos lançando um produto”, explica Malvar.

Parece que a vida desse personagem virou mesmo uma novela, uma daquelas que você torce pelo próximo capítulo.

Ouça a demo de Equatorial Lounge
Equatorial Lounge by Norman Bates PA


Por Luciana Alcantara (@lu_alcantara_)
Com colaboração de Beatriz Brito
Fotos: Ana Flor (@_Anaflor)

3 comentários:

  1. é isso ai! Parabéns a todos!
    espero poder ver esse lançamento.

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  2. Parabéns ao Norman e vida eterna e recheado de muito sucesso!!

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  3. obrigado, gente! espero que a banda possa corresponder as expectativas! abração.

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