16 de maio de 2011

Man of Kin: Um combo de golpes pesados

Depois de uma final de semana alucinado com os shows de Dead Fish e Rock Rocket, só faltou a banda inglesa Man of Kin, considerada a revelação do metal britânico, para estremecer definitivamente Belém, a cidade do rock. O show foi no domingo, 8 de maio, e o público, ao sair do local, teve a impressão de ter recebido um “combo” de golpes, como num jogo de videogame. Isso tudo porque, além da estrangeira, tocou uma série de bandas muito “carregadas” do Pará: Baixo Calão, All Still Burns, Morte Suicida, Warpath; além de Capitalistic Death (PI), que encerrou a noite. As bandas possuíam diferentes “golpes” seqüenciais: cada uma com sua peculiaridade e força, mas com capacidade de deixar vestígio avassalador, vibrante o suficiente pra deixar quem compareceu ao show extasiado.

Quem chegou cedo quase não reconheceu a banda britânica, que assistia toda a cena de maneira sutil, sentada num canto do local. Não fosse pela divulgação ter destacado os integrantes ou os rostos não serem dos fiéis bangers de Belém que sempre se encontram em shows, o Man of Kin seria completamente invisível, já que os seus integrantes mais pareciam um grupo de amigos.

Ainda assim, a entrevista feita foi nervosa, já que se tratava de uma banda que, além de ser estrangeira, veio fazer show pela primeira vez em Belém. Meus agradecimentos a Renato Maio, da Black Sun Music Management, que acompanhava a banda e pôde traduzir boa parte das respostas do líder Jaz Oberoi. Aliás, o próprio vocalista tomou a iniciativa de trazer o amigo para ajudar na interação. Até aí, a primeira demonstração de humildade da banda. A seguir a entrevista com Jaz e demais integrantes do grupo Inglês.


Beatriz: Vocês já tocaram com Anthrax e Megadeth. Isso, é claro, foi muito importante na carreira de vocês, mas no que influenciou especificamente?

Jaz: Tocar com bandas grandes é tocar para um grande público. Ao tocar com bandas grandes você, automaticamente, passa de uma banda principiante para uma banda profissional. Acontecendo assim, no início (da carreira), é uma coisa muito importante.

Vocês possuem desejo, sonho de tocar com alguma banda? Qual?

Aaron: METALLICA!

Jaz: As bandas que a gente quer tocar são as que mais influenciaram a gente, que são o Metallica e o Pantera. Mas como o Pantera não existe mais, Metallica e Lamb of God.

Vocês, com essa turnê, estão divulgando o álbum Reality Check. O que vocês querem mostrar com esse trabalho, que é tão diferente do anterior?

Jaz: Basicamente, o (álbum) “...And So It Begins” era um CD experimental. Com o Reality Check nós conseguimos encontrar o nosso som, o que nós queríamos fazer realmente. Conseguimos chegar nesse produto final. O CD é pancadaria do início ao fim: é agressivo, mostra atitude...

O que vocês pensam de, em tão pouco tempo de carreira, já terem sido headliners no Bullet Fest, em Londres?

Jaz: Depois de três meses de banda, nós conseguimos fazer show em uma das principais casas de show de Londres. Depois de um ano, já tínhamos conseguido tocar em outros grandes shows... Antes de começarmos a tocar para bandas que eram mundialmente conhecidas, já estávamos “bombando” em todos os cantos da Inglaterra. Foi tudo muito rápido e positivo. Honestamente, até hoje ainda não acredito nem que tocamos no Bullet Fest...!

Vocês escutam alguma banda de heavy metal brasileira? Qual(is)?

TODOS: Sepultura.

Jaz: O Sepultura influencia muito a banda. Os vimos tocar na Inglaterra e gostamos muito deles, viramos fãs. E, na verdade, quisemos vir ao Brasil com o intuito de ver de onde saiu o Sepultura.

Jaz, numa entrevista você disse que os headbangers brasileiros são muito loucos. O que esse público tem de diferente?

Jaz: (risos!) São muito fodas... Inclusive ontem (07/05), quando tocamos em Palmas, nós conseguimos uma coisa inédita, que foi fazer quatro “paredes da morte”. Quase, literalmente, a casa foi abaixo. Estremeceu o lugar!


Após a entrevista, mais gente chegando e se aproximando da banda, arriscando o pouco inglês que sabiam; o que retribuiu toda a humildade e simpatia dos ingleses. “Bom show para vocês!”, “Acho muito boa a banda, caras!”, bangers tirando fotos à vontade e conversando bastante com os acessíveis músicos. Eles já nem lembravam mais serem aqueles caras gringos que chegaram ao Solar do Carmo e ficaram sérios, num canto.

Já no show, a simples frase: “Nós somos o Man Of Kin e isso é o que nós fazemos”. Com direito a duas paredes da morte; e um improvisado e, quase desastroso, solo de bateria. Solo improvisado a pedido do público, quando o som teve problemas técnicos. O repertório incluiu covers do Pantera e (é claro) Metallica.

Na abertura: Baixo Calão, que iniciou o combo de bandas; All Still Burns e Warpath, que puderam mostrar o motivo de estarem entre as bandas selecionadas da seletiva do Wacken Metal Battle Belém; e Morte Suicida, que contou com a performance do baterista Paulo Doido com uma máscara de Bin Laden. O combo encerrou com a banda Catalistic Death (PI), que arrebatou o público ao tocar a música “Police Bastard” da banda Doom.


Por Beatriz Brito (@Beatriz_Brito_)
Fotos: Mario Guerrero (@Mguerrero108)

2 comentários:

  1. Muito boa a matéria. Legal a citação das bandas locais. Estava presente no show e pude comprovar a eficiência das bandas paraenses, que em nada deveram à banda gringa (com todo o respeito ao Man Of Kin, que fez um puta show também).

    Sobre a simplicidade dos caras, ainda acrescento que o baixista ainda tocou com o baixo do Pablo (baixista do Delinquentes) e pelas figurinhas que trocaram depois do show, a humildade deles ficou mais acentuado ainda.

    Parabéns às bandas, ao público, à Pró-Rock (pela cobertura) e ao Kaká, que está incentivando e injetando gás na cena da cidade.

    Pra acabar, vale ressaltar que o espaço escolhido foi excelente (deram uma revitalizada no lugar) e o som estava excelente. Shows assim a gente volta satisfeito para casa...

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  2. Parabens para a Beatriz que melhorou seu texto e sua performance como entrevistadora em pouquíssimo tempo. Pelo que soube o editor mexeu quase nada nesse texto. ;)

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