26 de março de 2011

On the Road - Capanema Rock City



Acredito que músico independente tudo tem a mesma sensação de viver uma vida dupla, como uma identidade secreta, vivendo num bolsão de felicidade que estia, com fins de semana espremidos por dias em que sentimos morrer de pouquinho cada partícula da nossa essência, enquanto levamos uma vida burocrática e sem lá muito valor.

Quarta, quinta e sexta da semana última, muitos de nós demos um tempo na vida real e cruzamos a fronteira pro lado de lá. Pelo telefone, Camillo (Turbo) desde quarta, quando realizara seu workshop guitarrístico, já contrabandeava informações sobre equipamento de palco, movimentação da cidade sobre o evento, esse tipo de coisa que, brothers que somos, sempre fazemos. E as boas notícias se confirmaram todas quando chegamos, duas horas e meia de carro depois de sairmos da capital.


Um PF generosíssimo, algumas cervejas, abraços nos amigos da região e nos conterrâneos, clima de parceria, brodagem. Boa fé: a marca registrada do Grito Rock Capanema. Quando rola isso, é quase certeza que o som vai ser bom, que o público vai responder e que tudo vai dar certo, sucesso total. E assim o foi: estrutura de palco de muita qualidade, coisa que a gente dificilmente vê em Belém mesmo, com amplificadores legais, PA's (novinhas!), iluminação e telão que somavam demais à performance das bandas.

Infelizmente não pudemos ver os artistas locais além do DDT, indiscutivelmente uma das bandas independentes mais legais da atualidade, e dos outros municípios, como Codex (Bragança) e Octoplugs (Peixe-Boi), que queríamos conhecer. Então, não dá pra falar muito, mas tivemos muita sorte de encontrar os maranhenses do Velttenz, povo gente fina demais e que toca muito. Quando você vê um cara com a camisa do Hellacopters e outro com a do MC5 na mesma banda, já fica de olho. Que showzão! Grandes músicas. E os caras já falam em fazer um intercâmbio entre o rock feito no Pará e no Maranhão. Festivais de Belém, olho nos caras! Tragam eles de novo que é sucesso garantido.

Daqui da capital fomos Sincera, Turbo, Aeroplano e Vinil Laranja, que fez uma apresentação que enlouqueceu as pessoas por lá. Mesmo com todas as bandas com um tempo considerável de existência, com suas experiências bastante sedimentadas e blá blá blá, tenho certeza que o Grito Rock realizado em Capanema pelos Destruidores de Tóquio, Nazo, Alex, Messias, é o tipo de evento que fica no coração da gente, como disse, pelo climão de parceria e brodagem do bem, pela estrutura que o evento ofereceu, seja no show, no pós show (hotel e café da manhã bons que só), e pela clareza e cordialidade com que a produção sempre fez questão de tratar as bandas.


Além do evento em si, é de se ressaltar o approach exemplar da produção ao convidar parceiros como a webrádio Independentes do Brasil, Programa Invasão, blog Som do Norte, e ao encharcar redes sociais com material sobre o evento, antes e depois do GR, sempre se preocupando em documentar com textos, vídeos e fotos de qualidade. É a demonstração de que os Destruidores têm a visão e know how não só sobre os aspectos da música em si, mas de tudo que a produção cultural abarca e a força transformadora que ela tem para movimentar a sociedade como um todo.



Por Diego Fadul* @diegofadul
Fotos: Ana Flor @_anaflor
Especial para o blog da Pro Rock

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