Rock Rocket incendeia público em Belém

“No final das contas nós agitamos mais do que vocês!” Esse foi o epíteto falacioso de Noel, vocalista guitarrista do Rock Rocket, para um dos shows mais incríveis dos últimos tempos no Café Com Arte. Falacioso porque é realmente difícil de acreditar, com todos os méritos da banda, que ela tenha agitado mais do que o público que lotou a casa para comemorar o aniversário de três anos do Coletivo Megafônica na última sexta-feira, 6 de maio.

O Café com Arte estava tão lotado quanto nos tempos mais incríveis das festas da Se Rasgum, em meados da década passada. Todos os ambientes cheios, mas sem grandes dificuldades de circulação. Mas no quartinho quando o show começou, o ambiente se tornou de difícil circulação. Ao contrário das festas da Se Rasgum na década passada, havia menos jornalistas na plateia, menos adultos com quase 30 ou pouco mais de 30 anos. Quer dizer, tinha muito mais energia juvenil. O que mostra, a exemplo do show do Dead Fish, que ocorreu no dia seguinte, mais uma renovação do público roqueiro de Belém.

Não precisou de muito esforço para o Turbo começar a incendiar o público com seu rock injetado de distorção fuzz e letras escrachadas sobre amor e rock and roll. No início da noite, Camilo trocava idéia com o jornalista Fábio Gomes na livraria Saraiva e contava como estava feliz com o formato acústico, que o fazia se sentir mais querido pelas garotas. “Com as versões elétricas sempre chega homem dizendo como o nosso som é bom, mas com os violões nossas seguidoras aumentaram no Twitter”, contou.

Talvez fosse possível pensar que a banda ia dar uma aliviada, mas em se tratando de abrir para Rock Rocket, melhor não contar com isso. A banda mandou um set curto e certeiro de oito músicas que começou com “Rockeira” e terminou com uma performance matadora de “Fator Yoko”, com direito a coro acompanhando a música e assessoria técnica de Eliezer Wonkas III, do Johny Rockstar. Não faltaram “Eu sou feio mas ela gosta de mim” e a nova “Caixa do Nada”.

Quando o show do Rock Rocket começou já não era possível chegar perto do palco com facilidade. Tiveram que abrir as portas que normalmente ficam fechadas para facilitar a circulação e ventilar um pouco o ambiente. Bahrbara Andrade entrou na lateral do palco pela janela do quarto antigo que é a construção do Café com Arte para poder fazer fotos. Foi de lá também que a fotógrafa Ana Flor consegui fazer alguns registros do show, depois de desistir de chegar junto ao palco pela frente. Rapidamente a platéia inflamou.

O som não tava muito bom, mas a banda segurou a onda, canalizando toda a energia que tava rolando na plateia com uma sequencia de quase 20 músicas, que incluía “Cerveja Barata”, “Por um rock and roll mais alcoólatra...”, “Malori Beach”, “Perola da Noite” e muitas outras. Quase não se ouvia a guitarra lá no fundão onde eu estava, acompanhando tudo. O contrabaixo distorcido deu o tom da performance junto com a bateria a maior parte do tempo. Guitarra só para quem estava mais perto do palco.


Antes de mandar a última e se mandar para Manaus, encharcado de suor, Noel se saiu com essa, dizendo que agitava mais do que a plateia. Não convenceu, mas saiu, junto os outros dois integrantes do Rock Rokcet glorificado pelo público paraense. “Um dos mais festeiros do Brasil, só equiparado ao de Pernambuco e do Rio de Janeiro”, segundo o gaúcho Fábio Gomes. Vale dizer: parabéns Megafonica.


Por @Nicobates
Fotos @_Anaflor